Milan Kundera
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Milan Kundera | |
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Milan Kundera em 1980
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Nascimento | 1 de abril de 1929 Brno, Checoslováquia |
Morte | 11 de julho de 2023 (94 anos) Paris, França |
Nacionalidade | tcheco francês |
Alma mater | Universidade Carolina de Praga |
Ocupação | escritor |
Prémios | Prémio Médicis estrangeiro (1973) Prémio Jerusalém (1985) The Austrian State Prize for European Literature (1987) Herder Prize (2000) Czech State Literature Prize (2007) Prémio Mundial Cino Del Duca (2009) |
Gênero literário | ficção |
Magnum opus | A Insustentável Leveza do Ser (1983) |
Milan Kundera (Brno, 1 de abril de 1929 – Paris, 11 de julho de 2023) foi um escritor checo, exilado na França, conhecido por seu livro A Insustentável Leveza do Ser (1983).
Naturalizado francês desde 1981, a sua cidadania checa fora revogada em 1979. Uma nova cidadania checa foi-lhe fornecida em 2019. Porém, Kundera considerava-se um escritor francês e desejava que a sua literatura fosse estudada como literatura francesa e como tal classificada nas livrarias.[1]
Sua obra mais conhecida e aclamada é A Insustentável Leveza do Ser, publicada antes da Revolução de Veludo de 1989, quando o regime comunista da Checoslováquia baniu seus livros.[2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Kundera nasceu em 1929, em Brno, no número 6 da rua Purkyně, em uma família de classe média. Era filho de Milada Kunderová e do músico Ludvik Kundera (1891-1971), um importante musicólogo e pianista que esteve à frente da Academia Musical de Brno de 1948 a 1961. Kundera, desde criança, aprendeu a tocar piano com o pai e estudou musicologia e composição musical, influências que podem ser encontradas em seu trabalho.[3]
Kundera faz parte de uma geração de jovens checos que tiveram pouca experiência com uma nação democrática no pré-guerra. Sua ideologia foi em grande parte influenciada pela Segunda Guerra Mundial e pela ocupação alemã. Ainda adolescente, Kundera se filiou ao Partido Comunista, que tomou o poder em 1948. Seu ensino médio foi cursado no ginásio de Brno no mesmo ano. Na Universidade Carolina de Praga, estudou literatura e após dois semestres, ele se transferiu para a faculdade de cinema, na Academia Checa de Artes Cênicas, onde teve aulas de direção de longa metragens e roteirização.[3]
Em 1950, foi temporariamente forçado a interromper seus estudos por razões políticas. Neste ano, ele e outro escritor checo, Jan Trefulka, foram expulsos do Partido Comunista Checo por "atividades antipartidárias". Trefulka descreveu o incidente em uma de suas novelas, Kundera usou o incidente como inspiração para o tema principal de seu romance A Brincadeira, de 1967. Em 1956, Kundera foi readmitido no Partido Comunista. Em 1970, porém, foi novamente expulso. Kundera, assim como outros artistas tchecos, entre eles Václav Havel, envolveu-se na Primavera de Praga de 1968. O período de otimismo, como se sabe, foi destruído no agosto do mesmo ano pela invasão soviética pelo exército do Pacto de Varsóvia à Checoslováquia. Kundera e Havel tentaram acalmar a população e organizar um levante reformista frente ao totalitarismo comunista da União Soviética. Permaneceu neste intento até desistir definitivamente, no ano de 1975.[3]
Kundera decidiu em 1975 viver na França. O escritor teve sua cidadania revogada após desentendimento com o Partido Comunista da Checoslováquia em 1979, quando o escritor já estava na França. Tal ação de retirada da cidadania do escritor é fruto de desentendimentos com os comunistas checos que começaram ainda em 1950. Ele recebeu a cidadania francesa em 1980.[3]
Faleceu em Paris, em 11 de julho de 2023.[4]
Carreira literária
[editar | editar código-fonte]Os romances geralmente trataram de escolhas e decepções. Em seus livros é recorrente a crítica ao regime comunista e à posterior ocupação russa de seu país, em 1968, quando foi exilado e teve sua obra proibida na então Tchecoslováquia. Seu maior romance A Insustentável Leveza do Ser, lançado em 1983, só teve sua primeira edição em checo em 2006.[5]
Em 2019 Kundera recuperou a nacionalidade tcheca, com o apoio da embaixada checa em Paris, com pedidos de desculpa do embaixador checo, em nome do seu governo, pelas perseguições de que o autor fora alvo durante anos.[6]
Entre outros prémios, Milan Kundera recebeu, pelo conjunto da sua obra, o "Common Wealth Award" de Literatura (1981) e o "Prémio Jerusalém" (1985). Sua obra principal, A Insustentável Leveza do Ser ganhou em 1988 uma adaptação para o cinema, sob a direção de Philip Kaufman e com Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche e Lena Olin no elenco. Recebeu 2 indicações ao Oscar e reconhecimento mundial. Desde então Milan Kundera nunca mais autorizou a adaptação cinematográfica dos seus romances.
Obra
[editar | editar código-fonte]Inicialmente escreveu poemas, tendo escrito ao menos três livros de poesia no transcurso de sua carreira, os quais possuíam orientação socialista, influenciados por Konstantin Biebl.[7][8]
Porém, já em seu primeiro romance, "A Brincadeira", Kundera faz uma sátira da natureza do totalitarismo do período comunista. Por força de suas críticas aos soviéticos, Kundera foi adicionado à lista negra do partido e suas obras foram proibidas imediatamente após a invasão soviética.
Após se mudar para a França, Kundera escreveu O Livro do Riso e do Esquecimento no ano de 1979. Constituindo-se de uma inusitada mistura de romance, contos curtos e ensaios do próprio autor, o livro ditou o tom de suas obras pós-exílio.
No ano de 1984, Kundera escreveu A Insustentável Leveza do Ser, seu trabalho mais popular. O livro é como uma grande crônica acerca da frágil natureza do destino, do amor e da liberdade humana. Mostra como uma vida é sempre um rascunho de si mesma, como nunca é vivida por inteiro, como o amor pode ser frágil e como é impossível de repetir-se. A obra, sucesso de público e crítica, ganhou sua versão cinematográfica no ano de 1988. Porém Kundera proibiu, a partir de então, a adaptação cinematográfica de seus outros livros.
Desde 1989, Milan Kundera escreveu os seus romances em francês e não permitia que outra pessoa — a não ser ele próprio — traduzisse as obras para checo. Como resultado, muitas não estão disponíveis na sua língua materna.[9]
Em 1990 Kundera escreveu A Imortalidade. O romance é o mais "cosmopolita" até então, sem situar o enredo dentro do universo social e político da República Checa como fizera até então. Possui um conteúdo explicitamente filosófico e pode-se dizer que é o início de uma segunda fase da obra do autor.
Kundera reafirmou publicamente que deseja ser entendido como um romancista em termos gerais, não um escritor político. É notório que o conteúdo político foi, a partir de A Imortalidade, substituído pela temática filosófica. O estilo de Kundera, entrelaçando digressões e ensaios filosóficos é grandemente inspirado em Robert Musil, Henry Fielding e na prosa do filósofo Friedrich Nietzsche.
Principais obras
[editar | editar código-fonte]- Poesia
- Člověk zahrada čirá (Homem jardim claro) — 1953, primeira coleção de poesia
- Poslední máj (Maio passado) — 1955
- Monology (Monólogos) — 1957
- Contos
- Risíveis Amores (1969)
- Romances
- A Brincadeira (1967)
- A Vida Está em Outro Lugar(pt-BR) ou A Vida Não É Aqui(pt-PT?) (1973)
- A Valsa dos Adeuses(pt-BR) ou A Valsa do Adeus(pt-PT?) (1976)
- O Livro do Riso e do Esquecimento (1978)
- A Insustentável Leveza do Ser (1983)
- A Imortalidade (1990)
- A Lentidão (1995)
- A Identidade (1997)
- A Ignorância (2000)
- A Festa da Insignificância (2014)
- Peças de teatro
- Jacques e seu mestre, homenagem a Denis Diderot em três actos(pt-BR) ou Jacques e o seu amo(pt-PT?) (1981)
- Ensaios
- A Arte do Romance (1986)
- Os testamentos traídos (1993)
- A Cortina (2005)
- Um encontro (2009)
Referências
- ↑ «Milan Kundera skips hometown conference on his work». CBC News. 30 de maio de 2009. Consultado em 20 de maio de 2022
- ↑ Sarah Crown, ed. (13 de outubro de 2005). «Nobel prize goes to Pinter». The Guardian. Consultado em 20 de maio de 2022
- ↑ a b c d «Biography Milan Kunder». Kundera Site Oficial. 1 de abril de 1929. Consultado em 20 de maio de 2022
- ↑ «Morreu o escritor Milan Kundera, autor de A Insustentável Leveza do Ser». publico.pt. 12 de julho de 2023. Consultado em 12 de julho de 2023
- ↑ «40 anos depois, Milan Kundera é novamente checo». www.sabado.pt. Consultado em 8 de dezembro de 2019
- ↑ ««Milan Kundera volta a ser checo 40 anos depois» - Público (Revista de Imprensa)». A Bola. Consultado em 8 de dezembro de 2019
- ↑ Revista Osobnoti, República Checa.
- ↑ Pešat, Zdeněk. Slovník české literatury po roce 1945. Ústav pro českou literaturu AV ČR, Praga, 1995/2006. Fontes: Janouška, Pavla. Slovníku českých spisovatelů, Ústavu pro českou literaturu AV ČR, 1995/1998. Slovníku českých literárních časopisů periodických literárních sborníků a almanachů (red. Blahoslav Dokoupil, 2002).
- ↑ «Nacionalidade checa do romancista Milan Kundera é restituída após 40 anos»
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Milan Kundera. no IMDb.
- Milan Kundera e a República Checa
- "Milan Kundera" no New York Times
- Nascidos em 1929
- Romancistas da Chéquia
- Romancistas da França
- Escritores do século XX
- Escritores do século XXI
- Poetas da Chéquia
- Poetas da França
- Poetas do século XX
- Poetas do século XXI
- Poetas modernos
- Dramaturgos da Chéquia
- Dramaturgos da França
- Escritores em língua francesa
- Tradutores da Chéquia
- Tradutores da França
- Tradutores da língua francesa
- Membros da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos
- Membros da Academia de Artes e Letras dos Estados Unidos
- Cavaleiros da Ordem Nacional da Legião de Honra
- Dissidentes da Tchecoslováquia
- Naturais de Brno
- Alunos da Universidade Carolina
- Checos expatriados na França